24.6.15

Arqueologia do Esquecimento


Águas do acaso
para o eco dos gestos afogados.
Uma lembrança de partida.
Fisionomia de estimação,
de uma dor invisível,
numa despedida perfurada


Paisagens interiores
Na peregrinação do desfazimento
Nasce um isolador de memórias
Persistência efêmera
de uma historia esquecida



Arqueologia do Esquecimento é uma série poética de fotografias acompanhadas de isoladores de memórias (objetos). No processo, as fotografias foram insolentemente expostas a ação corrosiva de água e luz solar. Um abandono consciente, numa insistência pelos vestígios do esquecimento na imagem.

O resultado é o desenho do apagamento, presença do tempo, como se pudéssemos ver o efeito do desfazimento destas fotos resgatadas de um acervo fotográfico pessoal. A matriz da imagem não aparece nunca. Pois a origem para mim é o momento em que reconheço a foto e a pauso no tempo, retirando-a da água. Um resgate por meio do esquecimento, enquanto a imagem é esquecida ela fica na memória.

O trabalho foi desenvolvido num lapso de 10 a 15 dias, em que a data inicial é a da colocação da imagem na água e a data final corresponde ao dia em que a fotografia foi retirada. Nesse período de latência, água, sol e chuva impactaram a imagem.

Durante a exposição, junto com as 5 imagens (ampliadas e colocadas na parede), dentro de 5 frascos de vidro, intitulados Isolador de memórias proponho recriar o processo da ação do tempo, como num intervalo entre dois momentos da existência da imagem.







Ficha técnica


s/t
2015
fotografia impressa sobre papel Aquarelle Rag 310g
70 x 100 x 6 cm










Isolador de memórias 
2015
frasco de vidro, água e fotografia 
13 x 8 x 8 cm




23.6.15

Jogo das inutilezas


Segundo Nicolas Bourriaud “a atividade artística constitui não uma essência imutável, mas um jogo cujas formas, modalidades e funções evoluem conforme épocas e contextos sociais.” Como se fosse um organismo vivo, “Jogo das Inutilezas” trata de uma mostra em construção, dentro de um processo relacional da arte que propõe criar um movimento de troca entre o espectador e o artista, no qual o primeiro é convidado a colaborar na montagem da obra como afirmativa de um espaço simbólico autônomo.

Esta proposta inverte os objetivos estéticos, culturais e políticos postulados pela arte moderna, propiciando uma experiência de proximidade e elaboração coletiva de sentidos em que a “inclusão do outro” faz parte de um dos objetivos do projeto.

Estefania procura estabelecer uma cumplicidade criativa com o público para que atuem ativamente no processo construtivo, que não se limita ao início da mostra, mas que se estende a todo o período em que a mostra permanecerá na Galeria.

A troca de objetos entre a artista e o público permite que haja um diálogo sobre a afetividade dos artefatos ao mesmo tempo em que trata da perda de significado. Dessa maneira, “Jogo das Inutilezas” se firma pela ideia de que o descartável e a ausência de referência encontram novos sentidos na sociedade contemporânea.

Tina Gonçalez – curadora





22.6.15

Ruínas desnudas


Para a artista, essas imagens as quais intitula de Ruínas desnudas, ora estão coladas em paredes decrépitas de vida – visitadas por fungos, que invadem a cena perpétua de nossas histórias, tão eternas, quanto fugazes – ora se elevam e pairam nos ares, nessas histórias e constelações de um mundo fantástico, com nossos adereços e bricolagens. Somos nós. Lá estamos nós, a adornar as nossas ordinárias existências, tão anônimas, quanto universais.

Fabiana Bruno




20.6.14

A ESPERA DO COLAPSO

A espera do colapso e um vídeo de 4 minutos onde a câmera fica dentro e fora de uma casa em demolição. A imagem é estática mas o barulho demonstra o que esta acontecendo. As vezes uma telha cai ou uma nuvem de poeira aparece. E o fim de um lugar. A imaginação trabalha para que o espectador complete o invisível da historia. Para unir os elementos como letras faltando numa palavra.

Demolir como fim e começo.


http://vimeo.com/90136241

28.4.14

Apegar













Apegar


Num intuito de transformação pego os objetos de tempos perdidos, coisas que tinham traços de relações minhas com meu passado e entrego para o mundo. Na própria necessidade de mudar, vejo a entrega como um fluxo de energia que se recicla. É um abandono consciente desses objetos ou estados mentais.

Esses objetos de naturezas distintas com equivalência em valor simbólico, são colocados num canto fora do caminho em espaços esquecidos, que fazem parte de meu percurso cotidiano.

O ato de despedida é registrado com um celular. Essa imagem é compartilhada nas redes sociais (instagram e facebook). A despedida é um ponto de partida. Uma troca entre passado e presente.


Titulo: Apegar
Técnica: 30 fotografias (15x 15) cm coladas no foamboard
Tamanho: 2.9 metros de largura x 1.5 metro de altura.
Ano: 2014




22.10.13

O QUE MUDOU E CONTINUA A MUDAR














VIDEO: NINGUÉM SABE PORQUE



O QUE MUDOU E CONTINUA A MUDAR


O que mudou e continua a mudar é uma série composta por imagens, objetos e vídeos produzidos no contexto de um jogo de trocas.

O ponto de partida desta série é a produção de retratos de pedreiros que trabalham em obras de demolição de antigas casa, com os quais estabeleço uma relação quando passo a devolver a cada um deles uma cópia impressa de uma fotografia de si próprio. A partir desta relação estabelecida, passo a acompanhar os últimos dias de existência de uma casa que está prestes a ser demolida. 

As fotografias participam de um jogo de provocação: uma presença invisível, mas ao mesmo tempo visceral. São uma pausa, atemporal, um tempo suspenso, antes de uma interrupção de forma abrupta - a demolição. A identidade da casa é transformada, perfurada para logo ser enterrada. Ficou coletando objetos do lugar,  e termino, sem saber se é o começo ou fim da história. 


MEMORIAL DESCRITIVO

O que mudou e continua a mudar integra um projeto em andamento desde 2012, com atualmente 4500 fotografias, 50 objetos e 150 vídeos de 20 casas antigas que foram demolidas em Campinas, SP.


Titulo: O que mudou e continua a mudar
Técnica: 3 fotografias (75 x 50 cm) coladas no foamboard
Tamanho: 100 cm x 180 cm
Ano: 2013





10.9.13

A INVASÃO



A Invasão / Campinas from Estefania Gavina on Vimeo.

Sugiro uma apropriação colectiva e gradativa de uma  imagem fotográfica por alunos de uma escola da cidade de Campinas. O processo se desenvolve ao oferecer-lhes  a fotografia  de uma paisagem estrangeira (Patagónia) como ponto de partida para livre interferência, realizada com caneta marcadora da cor preta.

Essa dessacralização da imagem inicial, acrescenta-lhe novas camadas, com inscrições que lhe rendem um novo sentido,  pela reconfiguração da paisagem inicial.

Todas as etapas realizada pelas crianças foram registradas e a partir deste material proponho uma vídeo instalação, onde apresento o vídeo projetado em escala real e a fotografia intervenida

Este trabalho é parte de  um processo em andamento, que propõe sempre um deslocamento de espaço.